Quanta cachaça na minha dor

Li, é claro que não me lembro onde, que o inventor do termo dor-de-cotovelo foi mesmo Lupicínio Rodrigues.
Dor-de-cotovelo hoje se lê como inveja. Nada mais fora de propósito.
A nomeada por Lupicínio nascia no momento doloroso do fora do ser amado: a dor levava ao bar. O sujeito se sentava no balcão, pedia uma dose de whisky, e enquanto mexia o copo ouvindo o tilintar do gelo mantinha sempre os cotovelos cravados no balcão, fazendo bolinhas com o suor do copo sobre a madeira. Maior a dor, maior o tempo sentado, as bolinhas e as doses bebidas. Daí a dor-de-cotovelo: muito tempo no balcão com os cotovelos prensados.
Lupicínio, assim como Maysa e Dolores Duran (e cá entre nós, a Phillip Morris) ajudaram a “aprimorar” esse momento com suas canções - nada melhor do que ouvir o melhor da fossa e fumar loucamente enquanto fazemos as bolinhas com o fundo do copo.
Fiz aqui uma listinha, entre as que estão no MPBNet, para os interessados no acompanhamento do cigarro e do whisky:
Antonio Maria é básico, na interpretação de Nora Ney para "Ninguém me ama"
Do Lupicínio não pode faltar: "Aves Daninhas" com Dalva de Oliveira, "Um Favor", cantada pela Gal Costa e "Judiaria" na interpretação da Tetê Espíndola e do Arrigo Barnabé. É divertida, mesmo sendo trágica, e enfiar o pé na lama exige que você ria de você mesma.
Maysa tem várias: "Ouça", "Meu mundo caiu", a interpretação que ela fez de "Ne me quitte pas" (Jacques Brel)... Mas a minha preferida é "Felicidade infeliz", na voz da Alzira Espíndola (tem um sax do Maurício Pereira nela que é uma coisa de louco. Mas se você preferir, pode também escutá-la com a própria Maysa.
Falei de "Ne me quitte pas", e essa canção tem outra interpretação fantástica, com Alda Rezende, já ouviu?
De Dolores Duran, "Solidão", com a própria, "Não me Culpes", com a Ná Ozzetti e, para depois da dor, "O negócio é amar", com Nara Leão.
Do meu amigo querido, Alexandre Lemos, tem uma parceria com a Luli que é uma coisa, cantada pela própria Luli: "Atos".
Cansou? Então regue o futuro com o amor esquecido, ouvindo "Futuros amantes", com Chico Buarque...
7 Comments:
puta que pariu.
isso é melhor que mitocôndrias: saber a origem do termo "dor de cotovelo" acabou de mudar minha vida. Pra pior, é claro. Isso é trilha sonora do suicídio.:)
beijos
tati F.
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Carô:'Ninguem me ama" é a melhor tradução de uma dor de cotovelo daquelas clássicas, de derrubar mesmo. Eu conheci pessoalmente a Nora Bey na defesa do Alcir Lenharo. Apesar do tempo, ela ainda tinha aquele aspecto dramático de diva. Muito bacana.
E "Futuros Amantes" é pra cortar os pulsos...bj.
ador uma boa dor de cotovelo. regada a Chandon então...
A minha dor(me)-de-cotovelo desperta ao mais singelo ruído do cancioneiro sofrido. No elenco, encabeçam Chico e Robertão, que me causam uma dor física, como se engatinhando sobre mil cacos de vidro... ei-las:
"(..)Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde."
(Trocando em miúdos - Chico Buarque)
"(...) De repente ser livre
até me assusta
me aceitar sem você
certas vezes me custa
como posso esquecer dos costumes
se nem mesmo esquecí de você!!! "
(Roberto e Erasmo)
Tati F. nem vem com essa praticidade virginiana, hahahaha :P
Vivien, ela era casada com o Jorge Goulart - que delícia você ter conhecido ela (e o Alcir era tão querido!) Tem um CD dela na coleção do SESC que é imperdível, já ouviu? Foi uma gravação pro Ensaio, da TV Cultura... que voz tinha essa mulher!
Tati R. de Chandon já fomos juntas, e nem precisamos de vitrola, hahahaha. Foi um dos melhores porres que já tomei com você!
Fulana, Robertão não é pé-na-lama, é pé -na-jaca, hahahaha!
Beijos!
Nossa.. de muito me valeram essas informações..
O melhor da fossa! Adorei..
tava aqui escutando : "alguém me disse" , como quem não quer nada.. já acostumada.. quando me surge todo esse novo repertório.!!
to feita! pobre mesmo é do meu cutuvelo!
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